sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Dirigir....


Seo Genésio



O fato de já conhecer a comunidade e ter apresentado o projeto para o coletivo me tornou diretora. Ser diretora num projeto construído coletivamente é para mim dar direção. A contribuição de todos é que fará com que o filme tenha vida e consiga contar sua história da melhor maneira possível. Por isso nos reunimos semanalmente para debatermos os temas que vão surgindo a cada ida à comunidade, a cada investida do mundo real. A direção vem da conclusão após o debate com todos. Decidido os rumos que iremos tomar, dou direção às nossas próximas ações. Trabalhar desta forma, pra mim está sendo uma experiência única e inovadora. Só de poder contar essa história já me sinto satisfeita. Idealizei ela há uns dois anos, enquanto fazia a pesquisa para o documentário MAR DE DENTRO. Ter encontrado essas pessoas no momento certo foi decisivo. Tive a experiência de fazer um documentário sozinha e sem apoio e tinha a certeza de que não conseguiria fazer isso de novo. Pela grana e também pela qualidade de se ter uma equipe.

Ser diretora neste documentário é ser ouvinte atenta, para comprender a complexidade da vida de pessoas com valores, cotidiano e crenças tão diferentes da minha. Como é bom ouvir as pessoas, suas histórias, seus desejos. Através dos relatos encontramos coisas em comum, coisas fantásticas. É o que fazem de nós pessoas especiais e únicas: nossas histórias.
Todos têm o que falar, e cada um têm aquilo que só ele mesmo poderá contar. E o trabalho de recontar é um prazer imensurável, pois é como se junto com aquelas historias você tivesse passado por aquilo. Você se projeta naquele universo e permite sua imaginação viajar. E deixar que isso ocorra naturalmente é como se captássemos a essência daquele momento. É reviver junto com alguém. Participar da história dessa pessoa no momento em que ela revive um acontecimento ao contar para você. Esse momento é único, não se repetirá daquela forma e naquela situação em que a pessoa está contando. Participar desse momento único é uma honra. É sorrir junto, é chorar, é se emocionar, é reviver! RE- VIVER!!

Todos querem ser ouvidos. Gostamos de contar sobre momentos que marcaram nossas vidas, sejam eles bons ou ruins. Com alguma dificuldade e limitações pois afinal estamos tratando de vidas, sentimentos e emoções. Saber ouvir é um dom. Saber como transformá-los em imagens e palavras é fazer com paixão. É se despir de outras histórias e viver aquele momento único. E não merece ser desperdiçado. Merece ser registrado, ser REVIVIDO. Hoje sinto que foi para isso que eu vim, para registrar memórias e traze-las para o tempo de hoje. O tempo de ligar uma câmera e registrar o REVIVER!!

Nos próximos conto mais sobre o processo de construção do filme...
Inté!!!!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

NOSSO TEMPO É AGORA!!!


Pescadores de Cambury. Zé Cobra, Daniel e "Gordo".



...” E tem esse projeto do Governo Federal que diz que vai levar energia elétrica para todos os municípios do Brasil, que quero que o Camburi entre nisso, afinal nós não estamos longe da rede e não queremos mais esperar, já esperamos demais e esse foi nosso erro, nosso tempo é agora.” (Moisés, Novembro de 2003)



Num “paraíso abandonado” na divisa do Estado de São Paulo com o Rio de Janeiro vive uma comunidade tradicional caiçara com aproximadamente 50 famílias. O bairro de Cambury, em Ubatuba, litoral norte de São Paulo possui uma história de lutas. Sendo o último bairro da cidade e com uma estrada de difícil acesso, torna-se praticamente isolado e esquecido. Não possui luz elétrica, somente a escola e o posto de saúde têm energia solar e alguns moradores têm gerador próprio. Na década de 70, a implantação de uma Unidade de Conservação e a construção da rodovia BR-101, geraram profundas transformações no modo de vida dos caiçaras de Cambury. A comunidade não aceita as restrições quanto ao acesso aos recursos naturais, já que sempre viveram daquela maneira de geração em geração. Inevitavelmente o turismo se tornou a principal fonte de renda, mesmo sem uma preparação e infra-estrutura. Desta forma, travam lutas diárias para viver de acordo com as suas tradições.
Propõe-se a realização de um curta-metragem de aproximadamente 26 minutos sobre a chegada da energia elétrica. O documentário tem como objetivo registrar uma vitória para essa comunidade: a chegada da luz. Através de conversas com os moradores e demais envolvidos conheceremos suas expectativas com relação as mudanças e melhorias na vida de cada um.
Tendo como pano de fundo imagens contemplativas e observativas nas quais se perceba o transcorrer do tempo e da variação de luz, o filme buscará a interferência poética da energia elétrica no cotidiano dessa comunidade. A construção da fotografia do documentário se baseará, portanto na necessidade desse recurso. Ficará evidente o uso de lampiões, velas, “frecholés” (artefato construído pelos nativos para iluminação), luz do sol e a própria ausência da luz para descrever e transmitir de o clima gerado pela falta de energia elétrica. A idéia é criar no expectador a sensação de intimidade com a escuridão, capaz de compor uma linguagem para o filme. Desta forma o som da voz terá papel fundamental e servirá para reconhecer os personagens em ocasiões noturnas.
Ficará guardado na memória o tempo em que não havia energia elétrica e vários outros recursos eram utilizados para iluminar, aquecer, conservar mantimentos e proporcionar lazer e entretenimento, entre outros. Dessa forma, este será também um documento histórico sobre os últimos instantes até a chegada da energia elétrica na comunidade, tão idealizada e esperada por uns e renegada por outros.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Pensar coletivamente!!!!




Guaiamum Filmes é um coletivo que nasceu do encontro de profissionais de diversas áreas com um mesmo ideal: retratar e transmitir uma leitura do mundo a partir de histórias de vida.
Para nós, o cinema é resultado de vivências e trocas com pessoas, situações e realidades.
Um guaiamum curioso que sai da toca querendo olhar o mundo.
Uma janela aberta para mostrar que há muitas coisas que nossos olhos são incapazes de enxergar quando imersos em nossa própria realidade.
Fiz o curso de documentário na AIC ( Acadêmia Internacional de Cinema) no primeiro semestre de 2007. Após o curso, foi unânime para algumas pessoas a vontade de se juntar para realizar documentários coletivamente . Do desejo de FAZER surgiu a Guaiamum Filmes. Em reuniões semanais discutimos como iríamos nos organizar, a viabilidade de se realizar sem apoios, além de assistir documentários. Depois de um mês nasceu a idéia de um primeiro projeto: “Nosso tempo é agora!” um filme para contar a chegada da energia elétrica numa comunidade caiçara no litoral paulista.



Na próxima conto mais sobre o projeto

Inté!

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

2008 - Nosso tempo é agora!!




Toda a vez que eu passava alí, via aquelas crianças brincando e se divertindo com as pessoas que cruzavam pela vila em direção à cachoeira. Pareciam borboletas serpenteando pelos ares, graciosas. Guardei aquela cena na retina. Mais uma vez de volta, andando pela trilha com aquela angustia no peito de querer fotografá-las sem estar na posição de turista ou roubá-las a imagem. São quatro garotas de mais ou menos de 7 anos de idade. Que moram na beira de uma cachoeira. Ao encontrá-las tomei coragem e tive a iniciativa de pedir, porém elas se recusaram. Um amigo começou a brincar com elas de bolinha de gude e o clima começou a ficar mais natural. Fiz uma ou duas fotos e percebi que elas ainda fugiam da câmera, não insisti e comecei a jogar também com elas. Na hora da despedida, a surpresa: elas me pediram para fotografá-las e ficam todas eufóricas.
- Tia, tira uma foto da gente!!!! riam, num misto de vergonha com empolgação.
E logo depois desse episódio continuando a subida para a cachoeira tive um insight! Um projeto fotográfico, uma espécie de multirão. Essa foi a minha primeira vontade de trabalhar algum projeto em Cambury. Logo mais vocês entenderão mais sobre o que estou falando. Mas um novo projeto, agora pela Guaiamum Filmes. Na próxima postagem conto o que é e como surgiu!

Até!

MAR DE DENTRO

Saudações a todos os navegantes!!!


Mario Gato


Depois de um longo tempo a deriva esse blog-canoa, volta ao mar das imagens, o mar do documentário. Como proposta inicial continuarei falando sobre a produção documental. Com destaque para experiência pessoal vivida por mim nesse ultimo ano. Tive a feliz idéia de compartilhar com vcs passo a passo do meu processo de produção, mas por conta do excesso de trabalho não tive tempo para essa atividade...até tenho um diário de campo (exigência da monografia), mas o objetivo não é esse. Na verdade o objetivo era expor as dúvidas, os erros, e os acertos da realização do meu primeiro documentário.

"MAR DE DENTRO", acaba de ser lançado e pretende navegar por todo o Brasil, levando a história do resgate da música caiçara na cidade de Ubatuba/SP.

Foi um ano de intenso trabalho e um riquissimo aprendizado. De bicicleta e com uma câmera na mochila, percorri por realidades desconhecidas, sempre com a curiosidade de saber mais, conhecer mais. Foi a oportunidade perfeita de realização e formação, agora conheço quais rumos devo dar a minha canoa.

Agradeço a todos que com sua experiência de vida enriqueceram a minha, fazendo todo o percurso se tornar uma deliciosa viagem ao centro de mim mesma!!!

Aos caiçaras, pelo exemplo de vida!!!

Segue a cena.....


Seo Ricardo e Mario Gato



"Depois de uma noite longa de discussões, enfim, com o corpo e a mente cansados, e o pior muito trabalho por fazer, lanço mão da bicicleta da minha amiga Renata e parto para missão. Colher depoimentos para meu projeto de documentário. A sensação de pedalar com a câmera na mochila já me enche de vigor, incrível em poucos segundos estou disposta de novo. Chegar esbaforida foi uma constante durante esse um ano de trabalho".

Bom, você essa hora deve estar se perguntando, aonde raios essa garota quer chegar? Vou já dizer. Foi esse o marco que me fez entender o porquê dessa obsessão em me tornar documentarista.

Voltando a cena...

"Depois de um curto percurso de pedaladas, chego a uma viela com casas simples e modestas, um pequeno barco a motor e algumas bicicletas estacionadas. Casa de muro baixinho, deu para ver a senhora sentada no sofá da sala quando a chamei pelo portão. Dona Maria, indicada por Mario Gato para falar sobre os segredos de uma bebida típica caiçara a "consertada". Voz calma e um semblante sereno, nunca havia me visto, e com toda simpatia me convidou para entrar. Sentada ali naquela sala, vi toda a minha razão de ser se materializar ali na minha frente. Enquanto gravava o depoimento de Dona Maria, essa ficha caiu. E uma felicidade imensa me invadiu, por que..... bingo!!! Era isso que eu procurava no curso de jornalismo e fui enveredando para o documentário. Ouvir àquela senhora tão simpática, bem humorada contar sua história de vida de maneira tão interessada, fez com que eu me sentisse importante para ela e assim como ela para mim!!! Bingo!!!! É isso que eu quero, dar voz a quem quer falar, colorir o mundo com histórias de vidas tão diversas. Colecionar essas histórias em imagem e som....Saí de lá e aquela pedalada rumo à casa da minha amiga Renata (que me abrigou nesse período de trabalho), foi uma revigorada no espírito e na mente!!!"

Claro que antes dessa experiência, desse contato direto com a realidade, já havia estudado sobre o documentário. Já havia feito cursos, e lido livros e visto filmes, inclusive já tinha até mesmo gravado algumas imagens e entrevistas....mas essa experiência realmente foi um marco!

Era isso, gostaria de dividir com vocês esse inicio de percurso!!!

Vem mais por aí!!

Aprendendo a olhar

O interesse pelo documentário foi algo que não tenho explicação. Como algumas coisas na vida da gente que vem, agente se apaixona e depois vai montando um monte de explicações e teses. É o que vou fazer nesse texto de abertura. Mas serei breve, prometo. Quatro linhas no máximo. Só para sentir o clima fluir!!! Rsss

Quem me conhece sabe a dificuldade de parar frente a uma tela em branco e conseguir traduzir as mil idéias que inundam todos os dias meus pensamentos. Por isso escolhi, antes mesmo de entrar pra faculdade, o plano imagético, preferi as imagens do que as palavras. Tratei logo de fazer cursos de fotografia. Hoje resolvi aceitar o desafio, antes tarde do que nunca. Chega de blá, blá...vamos lá!

Junto com a fotografia veio o curso de jornalismo, confesso nunca foi pretensão minha trabalhar no glamuroso mundo do quarto poder. Sempre pensei que nesse mundo você só é mais um, e pior que ser mais um é não ser ninguém. Ver seus ideais e sua criatividade indo pra lixeira do pc, nunca foi meu objetivo com a profissão. Digamos que nesse momento o documentário surgiu como uma luz no fim do túnel. Encarei a faculdade até com mais paciência sabendo que de um jeito ou de outro meu trabalho de conclusão seria minha experiência redentora, e foi.

A partir daí meu norte foi a busca por algum curso que me desse mais conhecimentos sobre o documentário, porque eu mesmo na verdade nem conhecia direito. Achava que era como o Globo Repórter. Mal sabia que era na verdade muito mais que isso. E que esse modelo global, não passa nem na porta de um bom documentário. Mas isso aí já é pauta pra outra discussão que não vem ao caso agora...fica a deixa...rss.

Foi então no ano de 2003 que meus conhecimentos se ampliaram para as representações do real! Fiz um curso no Mnemocine, que aliás recomendo a todos os interessados em pensar documentário no Brasil. Durante o curso descobri, que era isso mesmo que queria para minha vida. Fui me apaixonando a cada aula, a cada filme. A partir de hoje vou postando aqui anotações que fiz durante esse ano. Fiquem a vontade para discutir!!! Aliás escolhi o documentário exatamente por isso, pela possiblidade de discussões mais profundas sobre temas ignorados pelo jornalismo brasileiro!!! Viva o Brasil!!!!

Artesão do real



Flaherty


Confesso que essa nova experiência de escrever aqui tem me surpreendido a cada madrugada, sim, pois esse blog-canoa anda roubando todas elas. Edificante opção de balada. Sem mais delongas..rsss..acho essa palavra tão retrô, a cara da proposta desta nova fase.

Vamos lá! O primeiro documentário.

Vejo o documentario como um ponto de vista. É você, é o cineasta alí no filme, o que ele pensa, intervêm, transforma, é um agente ativo e não passivo diante da realidade documentada. Registra seu ponto de vista sem faltar com a ética. Fazer documentário é uma forma de conhecer o outro. Robert Flaherty é um exemplo notável de “presença no mundo”, comprometido com seu tempo e com a vida.

"Por meio do cinema eu me esforço em dar a conhecer um país, assim como as pessoas que aí vivem. Esforço-me em torná-las as mais interessantes possíveis sob seu aspecto mais autêntico. Só me sirvo de personagens reais, de gente que vive no local filmado porque, ao final das contas são, realmente, os melhores atores. Ninguém é mais expressivo que os irlandeses, neste domínio, incontestáveis. Os negros, tão espontâneos, possuem o próprio natural, assim como os polinésios. Mas existe um germe de grandeza em todos os povos e cabe ao autor do filme descobri-lo: achar o incidente particular ou mesmo o simples movimento que o torna perceptível. Penso que os filmes dramáticos um dia serão feitos dessa maneira." (Robert Flaherty) http://www.mnemocine.com.br/aruanda/flaherty.htm

Com essa filosofia Flaherty trouxe para a cinematografia o primeiro documentário clássico, “Nanook of de North” (1929). É o resultado de mais de dez anos de contatos do explorador norte-americano com os Inuik que habitavam a região da Baía de Hudson, no norte do Canadá.

Introduziu a narrativa, a perspectiva dramática –construindo personagens – tensão e suspense que preenderiam a atenção do espectador. Narrativa que proporciona detalhes e humaniza o relato. Seu roteiro se baseava na realidade observada. Utilizava como método de pesquisa a imersão na locação até que a história conte-se por si própria. Antes os documentários eram simples filmes de viagem, com imagens belíssimas mas sem continuidade com algum sentido, eram meramente descritivos e contavam apenas com a visão do viajante-explorador.

“Ele sabia que as platéias nem sempre esperavam uma fiel representação da realidade, que preferiam o artifìcio relativamente superior dos filmes de ficção e que os filmes não-ficcionais as atraíam com recursos como a reconstituição. Flaherty entendeu que o cinema não era uma função da antropologia ou da arqueologia, mas um ato de imaginação; é tanto a verdade fotográfica quanto uma reorganização cinemática da verdade. Diante de acusações de ter reencenado situações, Flaherty dizia “às vezes voce precisa mentir. Frequentemente você tem que distorcer uma coisa para captar seu espirito verdadeiro” (Bill Nichols – Introdução ao documentário)

O dilema entre ficção e documentário que até hoje é discutido entre os realizadores, para Flaherty não tinha importância. Sua preocupação era registrar a cultura em seu estado original, nem que para isso precisasse encenar situações tradicionais que não eram mais praticadas, para ele o que importava era a sua função no filme.

Romântico e sensível fez um filme de amor ao próximo, generoso para com o humano das relações de família, trabalho e amizade. Não era a busca da verdade seu objetivo e sim a descoberta de uma nova impressão de autenticidade, de construção de verossimilhança. Foi para o documentarista Jean Rouch um “ancestral totêmico”, ao lado de Vertov.

Muito criticado por ser ilusionista e idealizar a realidade. Porém não deixou de acreditar na sua opinião sobre a função do cinema e não exitou em alargar os limites da intervenção do diretor.

"Um documentário existe não para explicar uma faceta do mundo ou ensinar algo. Um documentário existe como discurso de um cineasta – é essa sua motivação ímpar e essencial", Amir labak http://www.opovo.com.br/opovo/vidaearte/696167.html

John Grierson criticava a tendência romântica de reencenar costumes superados como um escapismo de Flaherty pra discutir problemas urgentes da sociedade moderna e não tinha nenhuma finalidade social, o que era a precocupação dos documentaristas ingleses na época.

Porém, Flaherty foi antes de tudo um pensador da linguagem do cinema. Incomodado com os filmes produzidos na época que utilizavam a representação humana como um teatro de gestos marcados, ou seja somente a representação de peças encenadas, buscou por linguagens e por métodos de criação próprios do cinema. Trouxe a solução para aqueles que achavam o documentário algo chato de se ver. Sua sagacidade uniu o registro informativo com a dramaticidade do teatro. Um híbrido de entretenimento e função social. Desta forma explorou a construção de identificação do público com o personagem. Algo muito discutido nos dias de hoje, mas sem nenhuma solução. Fazemos documentários para quem? Qual é o público do documentário? Para quem falam os documentários?

A essência do fazer cinema




Educar o olhar.

A mensagem era: mais atenção com o que se vê. Existem muitas mensagens dentro de uma imagem. O olhar, cada um tem o seu, a perspectiva do que é real também. A discussão em torno do que é documentário já começava aí, mas vamos deixar essa discussão pra depois. O tema de hoje é a imagem.

Foi paixão a primeira vista. Eu descofiava, mas ter a certeza de que o fotojornalismo tem uma forte proximidade com o documentário, foi o ápice. Estava no caminho certo.

A fotografia abalou e revolucionou o mundo das artes. Uns discriminavam-na por ser apenas uma cópia do que se via, outros foram além destas lentes reducionistas e deram um novo sentido para a arte. Assim a fotografia seguiu seu caminho, por algum tempo ocupando o papel dos quadros de arte, documentar e retratar pessoas importantes. Por fim, chegou junto nas grandes galerias, sem perder seu caráter documental.

As imagens contém histórias, contém narrativas. Reduzí-las a simples tradução de uma legenda empobrece toda a composição. É o que fazem muitos jornais por aí, utilizam a imagem apenas como mero atrativo para a reportagem, ilustrando aquilo que já está dito no texto. Desvalorizam a capacidade que a imagem tem de instigar o imaginário. Há também quem diga que, “uma imagem vale mais do que mil palavras”, eu discordo. Uma imagem contém mais do que mil palavras. Cada qual tem o seu valor, dizer que uma vale mais do que outra é desmerecer suas qualidades. Se bem usadas, o leitor sairá ganhando. Palavras e imagens juntas, contam uma história melhor do que ela realmente é. Fazem extra do ordinário.

A fotografia foi a semente estudada, deu origem a descoberta da persistência retiniana dos 24 quadros por segundo, a síntese do movimento. Do movimento, o cinema! Assim o cinema nasceu documental!

O homem já desenhava pensando em movimentos. llusões visuais nas pinturas em cavernas (pictoresco), desenhos que serviam para registrar ações. Ou seja o cinema não foi descoberto ou inventado pelos irmãos Lumiere, claro, foram eles que desenvolveram a prática e mostraram para o mundo. Mas a arte de fazer cinema na sua essência vem desde sempre. O homem já nasceu cineasta.

COMPILANDO

Vou pegar alguns textos do outro blog e colar aqui. Só os texto de mais conteúdo, pro blog ficar redondinho! E agora vou me esforçar para colocar aqui minha agenda de campo, para que vcs leitores possam acompanhar o processo de feitura de um documentário totalmente independente!!

É isso!! Vamo que vamo que o som não pode parar!!!

INAUGURANDO

Ano novo, blog novo!
Aproveitei as facilidades de ter um blog aqui e to transferindo meu blog da Uol pra cá.
Então quem já navegava por lá vai poder navegar por aqui. O tema continua o mesmo: documentários. Que aliás virou definitivamente o tema da minha vida!!!

Bem vindos!!!
Positivas Vibrações!!!