quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

NOSSO TEMPO É AGORA!!!


Pescadores de Cambury. Zé Cobra, Daniel e "Gordo".



...” E tem esse projeto do Governo Federal que diz que vai levar energia elétrica para todos os municípios do Brasil, que quero que o Camburi entre nisso, afinal nós não estamos longe da rede e não queremos mais esperar, já esperamos demais e esse foi nosso erro, nosso tempo é agora.” (Moisés, Novembro de 2003)



Num “paraíso abandonado” na divisa do Estado de São Paulo com o Rio de Janeiro vive uma comunidade tradicional caiçara com aproximadamente 50 famílias. O bairro de Cambury, em Ubatuba, litoral norte de São Paulo possui uma história de lutas. Sendo o último bairro da cidade e com uma estrada de difícil acesso, torna-se praticamente isolado e esquecido. Não possui luz elétrica, somente a escola e o posto de saúde têm energia solar e alguns moradores têm gerador próprio. Na década de 70, a implantação de uma Unidade de Conservação e a construção da rodovia BR-101, geraram profundas transformações no modo de vida dos caiçaras de Cambury. A comunidade não aceita as restrições quanto ao acesso aos recursos naturais, já que sempre viveram daquela maneira de geração em geração. Inevitavelmente o turismo se tornou a principal fonte de renda, mesmo sem uma preparação e infra-estrutura. Desta forma, travam lutas diárias para viver de acordo com as suas tradições.
Propõe-se a realização de um curta-metragem de aproximadamente 26 minutos sobre a chegada da energia elétrica. O documentário tem como objetivo registrar uma vitória para essa comunidade: a chegada da luz. Através de conversas com os moradores e demais envolvidos conheceremos suas expectativas com relação as mudanças e melhorias na vida de cada um.
Tendo como pano de fundo imagens contemplativas e observativas nas quais se perceba o transcorrer do tempo e da variação de luz, o filme buscará a interferência poética da energia elétrica no cotidiano dessa comunidade. A construção da fotografia do documentário se baseará, portanto na necessidade desse recurso. Ficará evidente o uso de lampiões, velas, “frecholés” (artefato construído pelos nativos para iluminação), luz do sol e a própria ausência da luz para descrever e transmitir de o clima gerado pela falta de energia elétrica. A idéia é criar no expectador a sensação de intimidade com a escuridão, capaz de compor uma linguagem para o filme. Desta forma o som da voz terá papel fundamental e servirá para reconhecer os personagens em ocasiões noturnas.
Ficará guardado na memória o tempo em que não havia energia elétrica e vários outros recursos eram utilizados para iluminar, aquecer, conservar mantimentos e proporcionar lazer e entretenimento, entre outros. Dessa forma, este será também um documento histórico sobre os últimos instantes até a chegada da energia elétrica na comunidade, tão idealizada e esperada por uns e renegada por outros.

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