terça-feira, 12 de abril de 2011

Vídeo como instrumento de preservação da memória










Apoiadas pelo projeto Vídeo nas Aldeias, idealizado em 1986, por Vincent Carelli, indigenista, documentarista e fundador do projeto, muitas tribos indígenas do Brasil passaram a utilizar o vídeo como um instrumento. A intenção era fazer uso da imagem em seu benefício, divulgando e resgatando suas tradições culturais, criando um acervo que servisse de exemplo para as gerações futuras. Para eles, o registro de seus hábitos e de suas tradições serve para que sua cultura não se perca com a memória dos mais velhos. Desta forma, permanecendo viva principalmente para os jovens.
Tal projeto auxiliou no processo de formação de uma nova imagem do índio. Na criação de uma imagem que vai além do estereótipo criado pelos livros didáticos, que passou a ser concebida com apoio dos próprios índios e, colaborou para o processo de desintegração de uma imagem superficial e sem consistência, fruto da generalização feita pela mídia.
Para que, não houvesse uma perda de identidade de cada tribo, o projeto Vídeo nas Aldeias trabalhou em conjunto com os índios, na difusão de imagens de diversas tribos, realizando dessa maneira um intercâmbio cultural entre elas. Assim, cada uma pôde ressaltar o que havia de mais interessante e particular em sua cultura e transmiti-la por meio da troca de imagens.
Para tornar possível esse intercâmbio de imagens foi necessário montar salas de vídeo em cada aldeia. Onde todos se reúnem para ver o que foi filmado, dando ao vídeo o papel de informar e entreter, já que todos se divertem ao ver suas próprias imagens, ao recontar suas tradições.
A descoberta desse mundo de imagens despertou nos índios a necessidade de fazer parte do processo total de preservação cultural, ou seja, o interesse passou a ir além da ação enquanto “objeto” de cena, despertou a vontade de fazer parte da totalização do trabalho, que vai desde a captação de sua própria imagem até a edição. Foram criadas então as oficinas de capacitação, a mais importante foi a oficina no Parque do Xingu (MT), em 1998, que reuniu cerca de 30 índios, de 15 etnias diferentes. (continua)

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